No final de 2025, o Governo do Estado celebra um marco significativo: 21 empreendimentos do Programa Vida Longa foram entregues, totalizando 554 moradias dedicadas exclusivamente a idosos. Embora os números sejam impressionantes, eles não capturam plenamente o impacto do programa. Cada unidade representa histórias de vida, novas conexões, vínculos com a comunidade e a oportunidade de envelhecer com dignidade e saúde.
Em paralelo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou um crescimento de 57,4% na população de 65 anos ou mais em apenas 12 anos. O estado se dedica a fazer com que esse número continue a aumentar, consolidando o Vida Longa como uma política pública alinhada ao desafio do envelhecimento populacional.
Iniciado em 2021, o Vida Longa é um dos principais programas focados em atender a terceira idade de forma integral. Sua abordagem vai muito além da mera oferta de habitação; inclui suporte social, auxílio nas atividades diárias e ambientes projetados para promover convivência e cuidado. Trata-se de habitação entendida como política social, não apenas como a entrega de unidades.
A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação acompanhou a rotina dos moradores, revelando o que os dados não mostram: as emoções, as histórias pessoais, as novas amizades e as diversas maneiras de viver a velhice com qualidade.
Talita Vitorino Ome, 67 anos, natural de Lavras, chegou a São Paulo aos 17. Viúva de Antonio Massami Ome, com quem teve três filhos, Talita vive em Cerquilho há mais de dez anos e é um exemplo de vitalidade. Após um diagnóstico de problemas na coluna há cerca de dois anos, ela encontrou na atividade física não apenas um tratamento, mas um novo propósito.
A tranquilidade da cidade contrasta com o ritmo ativo de Talita. Em um só dia, ela faz várias consultas médicas e realiza treinos intensos na academia. No ponto de ônibus próximo ao conjunto Vida Longa, expressa sua satisfação: “Sou muito feliz aqui”.
Depois de uma consulta para exame de audiometria, ela comemora os resultados. “Estou ótima de saúde, minha audição está quase intacta. Minha filha diz que estou ficando surda, mas ela está enganada, minha saúde é maravilhosa”, brinca.
Talita, aos 67 anos, diz ter a força de uma mulher de 50. Ela levanta pesos, treina diariamente e segue um plano de exercícios de cerca de 1h30 por dia com a ajuda de um personal trainer. “Ela é uma das alunas mais dedicadas, não só pela disciplina, mas também pelo comprometimento com a saúde”, destaca o preparador físico. Talita concorda: “Às vezes saio da academia exausta, mas me sinto muito mais enérgica quando me movimento”.
Seu entusiasmo vai além das atividades físicas. Talita é uma jogadora ávida de videogame, frequenta redes sociais e complementa sua renda com trabalhos manuais, criando crochês e bolsas artesanais. “Estou recebendo encomendas para o Natal. O crochê é minha terapia e uma fonte de renda”, diz.
Devota de Nossa Senhora Aparecida, ela exibe a cortina com a estampa da santa, um presente da filha. Essa peça simboliza seu apego ao local onde vive: “Aqui é mais do que um lar. É um paraíso. Se alguém reclamar desse lugar, não sabe o que diz”.
Vida Longa
Os residenciais do Programa Vida Longa são cuidadosamente projetados para garantir acessibilidade, segurança e autonomia aos idosos. Todas as unidades são térreas, construídas em terrenos planos e compostas por sala de estar conjugada com o dormitório, banheiro e área de serviço. As moradias seguem os princípios do Desenho Universal, um conceito arquitetônico que assegura ambientes adaptáveis para pessoas com dificuldades de locomoção, sejam temporárias ou permanentes.
Os projetos incorporam vários itens de acessibilidade, incluindo barras de apoio, pias e sanitários em alturas apropriadas, portas e corredores mais largos, interruptores em posições adequadas, piso antiderrapante e sistemas de emergência com alarmes sonoros e luminosos. A proposta é garantir total independência e segurança na rotina diária dos moradores.
Para fomentar a convivência e o bem-estar, os conjuntos contam com áreas comuns coletivas, como sala de estar, horta elevada, academias ao ar livre, churrasqueiras e salões de festas. O objetivo é criar um ambiente acolhedor que favoreça a socialização, amplie os vínculos e ofereça espaços de lazer e integração dentro dos conjuntos habitacionais.
Segundo o Relatório Anual de Sustentabilidade, Administração e Governança de 2024, a CDHU registrou a assistência de mais de 1,5 mil idosos por meio do Programa Vida Longa. Desde sua implementação, a política avançou de maneira significativa: foram entregues 554 unidades em 21 municípios, além de 184 que estão em construção ou planejamento em 7 municípios, 50 unidades em fase de licitação, e 28 unidades em fase de projeto em outro município.
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