O Vale do Paraíba destaca-se em diversas cadeias produtivas do agronegócio paulista e, em agosto deste ano, recebeu a Indicação Geográfica (IG) para o Mel. Este reconhecimento, que é o décimo do estado de São Paulo, tem como objetivo promover ainda mais o setor de apicultura e meliponicultura nos 35 municípios da região.
Vanilda Santos, produtora e presidente da Câmara Setorial dos Produtos Apícolas de São Paulo, conhecida pela fazenda Monte Benedicti em Taubaté, celebra essa conquista como resultado de esforços conjuntos entre representação e produtores locais. “Não se trata apenas de uma certificação, mas de uma vitória coletiva que reflete o empenho de toda a cadeia produtiva e posiciona o mel da nossa região como um verdadeiro patrimônio de qualidade e tradição”, afirmou.
Com mais de 20 anos de experiência em apicultura, Vanilda, originária da agricultura familiar, produz anualmente 3,5 toneladas de mel. Seu empreendimento é pautado por um forte compromisso com a sustentabilidade, reconhecendo a importância das abelhas para a preservação da vida e a manutenção do equilíbrio nos ecossistemas.
“Nos rótulos, apresentamos a flor da grumixama (Eugenia brasiliensis), uma espécie nativa da Mata Atlântica que celebra nossa biodiversidade e homenageia minha sogra, Maria Eugênia. Assim, nossa marca não é apenas um nome, e sim uma expressão da nossa identidade, da força feminina que nos inspira e do profundo respeito que temos pela natureza”, enfatizou Vanilda.
De Taubaté para Tremembé, o produtor Antônio Carlos Dionísio, conhecido como Tavinho, de 53 anos, junto com seu pai Otávio Dionísio, de 83 anos, se dedica exclusivamente à apicultura e celebra o reconhecimento da produção local. Seu empreendimento familiar conta com três apiários e uma loja de venda direta de produtos apícolas, denominada Apiário Brasil. “Atualmente, empregamos sete membros da família em várias funções relacionadas ao manejo, colheita e comercialização”, relatou Tavinho.
Ele está em processo de estruturação para obter o SISP Artesanal, concedido pela Defesa Agropecuária, além da certificação da Associação NUTRIR, que gerenciará a IG do mel do Vale do Paraíba. “Estamos prontos para utilizar o selo assim que for estruturado conforme o Conselho Regulador. Nossa expectativa é que o selo do IG represente o reconhecimento merecido da apicultura local, pois temos um produto diferenciado e de alta qualidade”, concluiu.
Apoio aos Produtores
A Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo (SAA), por intermédio da CATI Regional de Pindamonhangaba e da Defesa Agropecuária, desempenhou um papel fundamental na conquista da Indicação Geográfica do Mel, em colaboração com o Sebrae de São José dos Campos e a Universidade de Taubaté (Unitau). O reconhecimento do Arranjo Produtivo Local (APL) aconteceu em 2013, atualmente designado como Cadeia Produtiva Local (CPL).
“Para atender às exigências dos órgãos que concedem a Indicação Geográfica, a CATI Regional Pindamonhangaba participou da elaboração dos documentos que comprovam essa condição, sempre engajada em reuniões e iniciativas coletivas que abrangem desde a gestão e associativismo até aspectos técnicos da apicultura”, destacou Haley Silva de Carvalho, chefe da divisão da CATI Regional Pindamonhangaba.
A Defesa Agropecuária, outro órgão da SAA, é responsável pela inspeção sanitária e pela qualidade dos produtos apícolas, incluindo a fiscalização das colmeias para garantir que o mel comercializado esteja em conformidade com os padrões de segurança alimentar e o incentivo à obtenção de selos de inspeção que valorizam produtos artesanais. Os produtores que solicitarem o selo ARTE, por exemplo, podem comercializar em todo o Brasil.
“O selo SISP Artesanal é um marco em nossa história. Tivemos a oportunidade de colaborar ativamente na elaboração da lei, decreto e norma junto à Defesa Agropecuária, representando a cadeia de apicultura. Este selo minimiza a burocracia, mantendo a excelência dos padrões de inspeção, assegurando ao consumidor um produto seguro e de qualidade. Para nós, significa credibilidade, fortalecimento e a chance de acessar novos mercados”, afirmou Vanilda Santos.
Mel Paulista
São Paulo, principal consumidor e quarto maior produtor de produtos apícolas do Brasil, conta com mais de cinco mil propriedades dedicadas à apicultura e meliponicultura, produzindo aproximadamente 5,4 mil toneladas de mel anualmente.
A partir de 2006, pesquisadores têm alertado sobre o declínio das abelhas e o impacto que isso representa para o ecossistema. O Instituto Biológico (IB – Apta) tem contribuído para o avanço do conhecimento nessa área, realizando estudos em parceria com diversas instituições científicas, tanto nacionais quanto internacionais.
As pesquisas são desenvolvidas no Laboratório Especializado em Sanidade Apícola (LASA) do IB, localizado em Pindamonhangaba, o único do tipo no Brasil, que realiza diagnósticos de vírus, fungos, bactérias e parasitas que afetam as abelhas Apis mellifera africanizadas, bem como as abelhas nativas sem ferrão, que totalizam 60 espécies no estado.
A Indicação Geográfica do mel do Vale do Paraíba valoriza os produtores locais e fortalece a imagem do agronegócio paulista, consolidando a região como uma referência nacional em qualidade e sustentabilidade.
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