Prometido por Ortiz em 2012, Orçamento Cidadão fica no papel
19 de março de 2016
Segundo a proposta feita na campanha, o projeto previa reuniões e até votações anuais nos bairros, para definir a prioridade das obras
Redação / Gazeta de Taubaté
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Foto: Arquivo/Rogério Marques/12-09-2014
Promessa feita na campanha de 2012 por Ortiz Junior (PSDB), a implantação do Orçamento Cidadão, que destinaria 30% do orçamento de obras da prefeitura, a cada ano, para obras escolhidas pela população dos bairros, não saiu do papel — pelo menos, não nos moldes prometidos pelo tucano.
O programa que foi anunciado na propaganda eleitoral era audacioso, e incluía a realização de votações periódicas nos bairros.
Segundo o material divulgado na época, a prefeitura dividiria a cidade em regiões e destinaria uma quantidade de dinheiro para cada uma delas. Depois, a população de cada bairro se reuniria e apresentaria propostas sobre as obras a serem feitas.
A propaganda até citava opções, como pedido por asfalto, praças, iluminação e semáforo em cruzamentos.
Na sequência, a população votaria a ordem de prioridade das obras. “A prefeitura faz as obras seguindo a ordem de prioridades decidida pela população de cada bairro. E as obras que não foram escolhidas nesse ano, passam para o próximo Orçamento Cidadão”, explicava a publicidade.
IMPROVISO/ Em 39 meses de governo, nada disso foi feito.
No lugar do que foi prometido, a gestão Ortiz desenvolveu duas outras ações.
A primeira delas foi o programa Bairro a Bairro, que consiste em reuniões entre o secretariado e moradores.
Em 2013 foram 13 reuniões. A avaliação interna feita pelo governo tucano foi de que o programa não surtiu efeito — em vez de demandas da comunidade, só chegavam pedidos individuais, como vaga em creche, consulta médica ou material para construção.
Em 2014, o programa só foi retomado em abril. Foram nove reuniões, coincidindo com o período de campanha do irmão do prefeito, Diego Ortiz, a deputado federal.
Em 2015 foram apenas três reuniões, entre agosto e novembro. Esse ano não há nada previsto.
Outra ação desenvolvida é a reunião com associações de moradores no gabinete, intensificadas esse ano, em que Ortiz quer disputar a reeleição.
Questionado, o governo tucano não explicou o motivo do Orçamento Cidadão não ter seguido as regras prometidas.
CRÍTICA/ Para o vereador Salvador Soares (PRB), as ações desenvolvidas são inócuas.
“As ações são usadas apenas como palanque eleitoral, infelizmente. A população não decide nada”, afirmou.
“As obras acontecem sem a população ser consultada, de forma precária. Se houvesse participação cidadã, o morador não seria surpreso a cada obra nas ruas, por exemplo”, completou.