Por ‘exclusividade’ de leitos do HU, Ortiz chama Digão de mentiroso
12 de março de 2019
Prefeito diz que vereador mente ao dizer que vagas do HU não passarão a ser destinadas com exclusividade para pacientes de Taubaté; Digão diz que Ortiz é o mentiroso
Redação / Gazeta de Taubaté
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Prevista para ser concretizada em 1º de maio, a retomada da gestão do Hospital Universitário pelo município serviu de pano de fundo para uma troca de farpas entre o prefeito Ortiz Junior (PSDB) e o vereador Digão (PSDB).
O episódio ocorreu durante a sessão de Câmara dessa terça-feira, após o vereador Bobi (PV) exibir um vídeo em que o prefeito afirma que Digão “propaga uma mentira” ao dizer que as vagas do HU não passarão a ser destinadas com exclusividade para pacientes de Taubaté.
“O que me surpreende é a resistência enorme colocada pelo vereador Digão”, afirmou Ortiz no vídeo, dizendo que os leitos do HU passarão a ser regulados pela prefeitura, e não mais pela Cross (Central de Regulação de Ofertas e Serviços de Saúde), ligada ao governo estadual.
“Que insanidade seria ter um hospital municipal de [um custo de] R$ 6,5 milhões mensais para ter um hospital em que não se pode regular vagas?”, questionou o prefeito no vídeo.
RÉPLICA/ Na sequência, Digão contestou a fala do prefeito. “Fiquei estarrecido com o posicionamento do prefeito, quando diz que esse vereador foi mentiroso”.
O vereador manteve o posicionamento sobre a questão dos leitos do HU. “Eu continuo afirmando que essas vagas não são exclusivas para o taubateano. Se o senhor [prefeito] quiser discutir comigo, estou na Câmara”, afirmou.
Digão ainda disse que foi o prefeito quem mentiu a respeito da retomada do HU, que foi prometida inicialmente para março de 2018. “O único mentiroso é o prefeito, quando falou que inaugurava o hospital municipal em março de 2018. Estamos em março de 2019 e o hospital não está pronto”.
RETOMADA/ Nos primeiros 24 meses, a prefeitura irá repassar R$ 156,947 milhões para a SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina), entidade que passará a atuar no Hospital Universitário. Isso representa R$ 78,47 milhões por ano ou R$ 6,5 milhões/mês.
Iniciado no fim de fevereiro, o processo de transição da administração do HU deve ser concluído até o fim de abril.
O grupo de trabalho que atua nesse processo tem representantes da Secretaria de Saúde do Estado, do Grupo São Camilo (que atua hoje no HU, por meio de contrato com o governo estadual), da prefeitura e da SPDM.
VAIVÉM/ A retomada da gestão do HU sacramenta o vaivém no posicionamento do prefeito sobre o tema. Na eleição de 2012, o tucano foi o único dos candidatos a defender a transferência do hospital, à época administrado pelo município, para o Estado.
O governo estadual assumiu a unidade em março de 2013, já durante o governo Ortiz. Poucos meses depois, no entanto, o tucano passou a criticar o Estado, alegando que o número de vagas no HU destinadas a pacientes taubateanos havia diminuído.
Na eleição de 2016, Ortiz afirmou que pretendia voltar a administrar o HU, mas de forma compartilhada com o governo estadual. Apenas no fim de 2017 o tucano passou a defender a transferência total da gestão do hospital para o município.
PRÓS E CONTRAS/ Ortiz defende que, com a medida, o número de vagas hospitalares para pacientes de Taubaté irá aumentar. O HU conta com 60 leitos de clínica médica e deverá inaugurar um novo espaço, com mais 50 vagas, sendo 30 leitos de clínica médica, 10 de clínica cirúrgica e 10 de UTI.
Já os críticos à retomada, como Digão, afirmam que o hospital continuará a receber pacientes de outras cidades, pois é referência regional em diversas especialidades, e que a medida servirá apenas para aumentar os custos do município.