Palavra. A imprensa incomoda, ainda mais em períodos obscuros. Afinal, como o filósofo grego Sócrates sentenciou, a palavra é o fio de ouro do pensamento. Cabe à imprensa, pautada por um jornalismo independente, ético, plural e livre, a dura missão, nem sempre reconhecida, de empunhar a dourada chama da verdade em meio às trevas das mentiras, do engano, das fake news.
“Existe apenas um bem, o saber, e apenas um mal, a ignorância”, dizia o filósofo grego, um dos fundadores da filosofia ocidental, que encontrou-se com a morte, tomando um copo de cicuta, após ter sido julgado e condenado em Atenas. Como um farol, a imprensa lança luz sobre o que está escondido na penumbra, oculto debaixo do tapete, traz à tona aquilo que poderosos gostariam de manter camuflado, distante da visão da sociedade. Conhecimento é uma ameaça para todos os que se alimentam da ignorância, combatem fatos com boatos, informação com grosseria.
Palavra. Se a palavra, novamente parafraseando Sócrates, é o fio de ouro do pensamento, quando busca-se a luz do conhecimento, ela enferruja quando banhada em uma espécie repugnante de saliva pérfida e fétida, que rumina na boca raposina de quem confunde ao invés de informar.
Palavra impressa.
E aqui, nas páginas de OVALE e Gazeta de Taubaté, seja na edição impressa ou nas plataformas digitais, que atingem aproximadamente 9 milhões de visualizações mensalmente, a sociedade tomou conhecimento de um triste episódio de mau uso de dinheiro público: a chamada ‘Farra das Viagens’. Depois de vencer uma longa batalha judicial, o jornal obteve o acesso aos dados, que na verdade deveriam ser públicos, sobre os gastos dos parlamentares taubateanos durante viagens oficiais.
Em uma palavra? Gula.
Foram ao menos 70 viagens entre 2017 e 2018 em que 14 vereadores apresentaram notas fiscais com despesas de mais de uma pessoa ou com gastos acima do razoável. Um exemplo?
Com a palavra, preto no branco, o que dizem as notas fiscais. Só o vereador Bilili de Angelis (PSDB) teve oito viagens com irregulares, por exemplo.
E o contribuinte pagou a conta.
Escândalo foi a palavra utilizada para descrever o que as notas oficiais da Câmara revelaram. Com isso, o MP recomendou ao Legislativo que devolvesse aos cofres públicos o dinheiro mal empregado nas viagens, além da redução do limite mensal de viagens por gabinetes, de oito para quatro, e que fosse editada uma norma interna com a “proibição expressa de custeio de despesas com a alimentação de terceiros”.
Com a palavra o MP? A Promotoria decidiu arquivar o caso.
Absolvição? Não, não é essa palavra, apesar de vereadores, até com ofensas pessoais e baixarias, tentarem impor essa falsa narrativa. O MP, apesar de reconhecer a inconsistência das notas, alegou que não poderia denunciá-los porque eles devolveram o dinheiro. Impunidade? Toda a apuração de OVALE está, portanto, mantida. Palavra por palavra.
Sem piti, Bilili ou blá-blá-blá, em outubro quem estará com a palavra será você, eleitor de Taubaté.