A primeira etapa do quarto pacote viário do governo Ortiz Junior (PSDB), implantada no fim de março, surtiu efeito positivo? Para a administração tucana, sim. Para tentar sustentar essa avaliação, a Prefeitura recorre a números. A Secretaria de Mobilidade Urbana, responsável por planejar as alterações, fez a contagem de veículos em 85 cruzamentos de vias que tiveram o sentido invertido no pacote, ou de ruas que passaram a receber mais tráfego a partir das mudanças.
Segundo a pasta, o resultado foi positivo. Pela rua Doutor Pedro Costa, por exemplo, antes da mudança, passavam em média 1.100 veículos por hora durante os períodos de pico da tarde. Agora, depois que a via teve o sentido invertido e passou a fluir passou a fluir na direção centro-bairro, esse número caiu para 600 veículos/hora.
Resultado semelhante foi registrado na rua Doutor Emílio Winther. Antes do pacote viário, o registro era de 1.200 veículos por hora. Depois, caiu para 500 veículos por hora. “Esse é o objetivo principal das mudanças viárias. A ideia era levar o condutor a utilizar vias que eram ociosas e distribuir melhor o fluxo de veículos”, disse o prefeito, durante audiência realizada na Câmara na semana passada.
Procurada pela Gazeta de Taubaté, a Secretaria de Mobilidade Urbana não forneceu dados a respeito da contagem em outras vias. A pasta, no entanto, alegou que até agora não foi registrado nenhum problema nas ruas antes ociosas, e que agora passaram a receber maior fluxo de veículos. “Houve uma redistribuição de fluxos, conseguindo diminuir vários pontos de congestionamentos e dando maior fluidez nos corredores. Ainda serão viabilizadas ondas verdes, então a tendência é melhorar mais ainda”, informou a secretaria em nota, ao ser questionada sobre a avaliação do novo pacote.
mudanças/ Implantada no dia 29 de março, com mais de dois meses de atraso em relação à previsão inicial, a primeira etapa do quarto pacote viário inverteu o sentido de dez vias da região central de Taubaté, entre elas a Praça Santa Terezinha e a rua 15 de Novembro.
Consultado pela reportagem, o engenheiro Ronaldo Garcia, especialista de trânsito, afirmou que a alteração de sentidos de vias é um mero ‘paliativo’, e que apenas a construção de novas ruas e avenidas deve solucionar o problema definitivamente. “Algumas alterações, como eliminar a mão dupla, podem dar algum resultado. Mas outras situações não são possíveis de resolver sem construir uma nova via. Taubaté tem um fator complicador, pois as ruas são muito antigas e não foram projetadas para o volume de tráfego atual”, disse.
“Não adianta querer forçar a população a passar por uma via que já está saturada. Você pode ter congestionamentos, acidentes. As ruas atuais não têm capacidade para absorver mais tráfego”, completou.
explicações / Na próxima quarta-feira, a Câmara deve votar um requerimento da Comissão de Obras que convida a secretária de Mobilidade Urbana, Dolores Moreno Pino, a Lola, para participar de uma reunião do grupo. O objetivo é que a secretária apresente os estudos técnicos que embasaram as alterações realizadas no trânsito e esclareça os questionamentos dos vereadores.
“Como a prefeitura diz que tem estudos, que foi utilizado um software alemão, queremos ter acesso a isso. A princípio, as mudanças não estão sendo implantadas como deveriam, já que a população não está sendo ouvida. Se tivesse debate, problemas como o que ocorrer no transporte público poderiam ser evitados”, disse a vereadora Pollyana Gama (PPS), presidente da comissão.