Para o clássico de hoje, Taubaté e São José fecharam o treino, fizeram mistério na escalação e esconderam o esquema tático. O torcedor, empolgado, esgotou toda a carga de ingressos e promete lotar o Joaquinzão. As duas torcidas farão uma festa bonita. #SóQueNão!
A descrição acima poderia ser verdadeira, não fosse a sequência de más administrações nos dois principais clubes do Vale do Paraíba. Burro da Central e Águia do Vale têm uma história recheada de grandes duelos. O mais importante deles em 1979, quando decidiram o acesso à Divisão Especial do Campeonato Paulista. O Taubaté levou a melhor na ocasião.
Tudo isso virou história. Ficou no passado, em recortes de revistas e jornais. Hoje, às 15h, Taubaté e São José jogarão para algumas dezenas de fanáticos, que, embora maltratados pelos cartolas, seguem movidos por paixão. Em campo, nem os mais assíduos torcedores conhecem os jogadores. Os técnicos jamais conquistaram títulos importantes. Não haverá um ídolo sequer no gramado. Nenhum personagem que mereça destaque. O jogo só vale alguma coisa pela tradição dos oponentes. É a tal rivalidade entre os times.
A Federação Paulista de Futebol peca ao marcar um clássico para a quarta-feira. Mas ela não é a principal responsável por Taubaté e São José disputarem um dérbi regional totalmente esvaziado. No primeiro semestre, o Burro da Central deu aula de má gestão. Em pleno ano do centenário, atrasou salários, ofereceu uma estrutura precária aos jogadores e acabou eliminado ainda na primeira fase do Campeonato Paulista da Série A-3. O São José nem se fala. Sob a presidência de Benevides Ferneda, o Geleia, acabou rebaixado no Paulista da Série A-2, com uma estrutura que beirou o amadorismo.
Os dirigentes alegam que falta apoio de empresários. Culpam as empresas da cidade, mas se esquecem de olhar para o próprio umbigo. Afinal, quem vai querer investir dinheiro em clubes comandados por dirigentes amadores?
Hoje, no gramado do estádio Joaquim de Morais Filho, Taubaté e São José já entram derrotados . Um ou outro pode conquistar o resultado positivo. Vai haver uma ou outra provocação (tímida, é verdade), mas, no fundo, ninguém vai se sentir satisfeito. Na semana seguinte, a realidade do futebol regional voltará ao normal (ou seria anormal?).
Promover o clássico de hoje é quase impossível. Mas há tempo de sobra para promover o clássico no primeiro semestre de 2015. Taubaté e São José irão disputar o Campeonato Paulista da Série A-3 e brigar pelo acesso. O confronto de logo mais está perdido. Mas há como salvar o encontro do ano que vem. Menos promessas e mais ação. Essa deve ser a postura.
A diretoria do Taubaté, no ano passado, lançou dezenas de ações de marketing. Nenhuma delas avançou. Cadê a ‘Musa do Centenário’? Cadê a parceria com a Universidade de Taubaté para criação de um projeto social? De promessas, o torcedor está cheio. Falta mais conhecimento de futebol e mais profissionalismo aos dirigentes dos dois clubes. Sem o apoio da Federação Paulista, pior ainda! O resultado está aí. O clássico de hoje à tarde é o retrato do descaso que toma conta do futebol do Vale. Uma pena!