O Vale do Paraíba sempre foi uma das regiões brasileiras que mais exporta. Na última década, com a crise econômica internacional, a indústria perdeu fôlego no país e isso atingiu diretamente a região. A participação das exportações do Vale do Paraíba no estado de São Paulo foi reduzida de 17,6% para 13,5%, no período de 1999 a 2013. No entanto, a região ainda continua sendo destaque nas exportações no segmento de maior tecnologia.
Os dados acima fazem parte de um estudo inédito publicado em 2014 pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Analise de Dados): “A Importância das Exportações para as Regiões Paulista”. O objetivo do trabalho foi apontar o perfil das exportações das regiões paulistas, destacando os principais produtos, a participação de cada região e a intensidade tecnológica. O Vale do Paraíba, nesse estudo, é considerado como os 39 municípios que compõem a região Administrativa de São José dos Campos.
O total exportado pelo estado de São Paulo aumentou de US$ 18,4 bilhões, em 1999, para US$ 65,2 bilhões, em 2012. Crescimento nominal de 253,7% e real% de R$ 158,0%, e desconta-se a inflação em dólar de 37,1%, no período. Esse crescimento das exportações paulistas foi desigual em função das características econômicas de cada região. Regiões especializadas em produtos de origem agrícola, como carne bovina e derivados da cana, foram os que apresentaram melhor desempenho, enquanto os especializados em produtos industriais cresceram em um menor ritmo.
Das 16 regiões administrativas do estado de São Paulo, a de São José dos Campos foi a que apresentou o pior desempenho, no período de 1999 a 2013: apenas dobrou suas exportações nominais. A região de São José do Rio Preto foi a que mais cresceu, sete vezes mais. A forte dependência do setor industrial foi a principal razão da queda na participação regional das exportações. Em 2012, enquanto na região de São José dos Campos 97,1% dos produtos exportados eram manufaturados (industrializados), na região de São José do Rio Preto esse percentual foi de 32%.
Um ponto de destaque das exportações da Região de São José dos Campos é a tecnologia utilizada no processo de produção. O cálculo dessa tecnologia é feito a partir do preço por quilo exportado. Em 2012, o valor de cada quilo exportado pelo estado de São Paulo foi de US$ 1,50, enquanto o preço das exportações da região de São José dos Campos foi de US$ 10.
A análise dos dados apresentados pelo estudo do Seade mostra o impacto do ‘efeito China’, que assombrou o mundo. O crescimento acelerado da economia e das importações do gigante asiático, na última década, provocou o aumento nos preços dos produtos agrícolas e da matéria-prima em todo o mundo. No segmento de produtos industrializados os preços internacionais ficaram estabilizados, por conta de uma maior concorrência, inclusive com os próprios asiáticos e por conta da crise econômica mundial que assolou o mundo a partir de 2008.
As exportações do Vale, mesmo com a redução da participação no estado, ainda continuam tendo grande relevância econômica, pois representam 22,5% de toda a riqueza produzida na região. Não se pode esquecer dos demais setores, como serviços e produção das pequenas empresas, que quase sempre têm menor desenvolvimento tecnológico e que não têm a mesma importância para a expansão do comércio externo, mas que são fundamentais na geração de emprego e renda e capazes de reduzir os impactos negativos das crises externas na economia regional com ocorrido nos últimos cinco anos.
Édson Trajano é economista, com doutorado em História Econômica. Professor na Unitau (Universidade de Taubaté) — atuando como pesquisador do Nupes (Núcleo de Pesquisas Econômico-Sociais), diretor do IBH (Instituto Básico de Humanidades), entre outros