Pizza. Iguaria de origem italiana, feita com massa de farinha de trigo, recoberta com ingredientes como queijo, tomate, orégão e azeite de oliva, e assada em forno.
No Brasil, essa comida deliciosa deu origem a uma expressão indigesta – “acabar em pizza” -, que é utilizada quando uma irregularidade ou um crime fica sem punição.
Pois bem. Como o jornal revelou em uma série de reportagens há 19 meses, em ao menos 70 viagens realizadas em 2017 e 2018 os vereadores de Taubaté apresentaram notas fiscais com despesas de mais de uma pessoa ou com gastos acima do razoável. Há exemplos de refeições que custaram R$ 424 e banquetes em que foram consumidos 4,4 quilos de comida ou quatro pratos, quatro rodízios.
A revelação do escândalo deixou o contribuinte, que pagou toda essa farra, com fome. Fome de justiça.
Mais de um ano e meio depois, no entanto, o prato servido não foi o que a sociedade esperava. Foi pizza.
E não a pizza boa.
Com argumentos jurídicos questionáveis, o Ministério Público solicitou, nas esferas cível e criminal, que o caso seja arquivado. Em linhas gerais, prevaleceu para a Promotoria uma versão em que os vereadores, sem intenção, erraram 70 vezes ao pedirem – e receberem – reembolso por despesas de assessores e motoristas. E que, por devolverem os R$ 14,7 mil que receberam indevidamente (isso após a revelação do escândalo e um puxão de orelha do MP), os parlamentares não desfalcaram os cofres públicos.
Para o contribuinte, em uma primeira análise, essa pizza é bastante indigesta. Do tipo que provoca um mal-estar por dias, uma azia sem fim, uma ânsia de vômito. Mas, embora o resultado final não tenha agradado, é importante ressaltar que, ao longo do processo, conquistas foram alcançadas.
Alguns exemplos: os gastos com viagens da Câmara, que foram de R$ 204 mil em 2017, caíram para R$ 21 mil em 2019; após ação movida pelo jornal, o Legislativo passou a ser obrigado a publicar os relatórios das viagens em seu site; a Câmara reduziu em 60% sua frota de veículos e o número de motoristas. Você, eleitor, achou pouco? Pois lembre-se que tem um encontro marcado com os vereadores da ‘farra’ em outubro, nas urnas.