Nunca antes na história recente deste país um presidente da República teve que passar por constrangimento igual.
Após ver seus pronunciamentos servirem de combustível para panelaços, protestos e críticas, a presidente Dilma Rousseff (PT) descartou falar à nação em cadeia nacional de rádio e TV no 1º de Maio, preferindo usar a internet. Segundo o ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, Dilma vinha considerando não fazer discurso nenhum devido aos protestos desencadeados em suas últimas falas na TV, mas decidiu fazer um discurso na web. Na versão edulcorada do Palácio do Planalto, a presidente decidiu dialogar com os trabalhadores e trabalhadoras pelas redes sociais. Claro, Edinho nega que este silêncio parcial da presidente tenha relação com os panelaços, protestos, pedidos de impeachment ou com o movimento do “Fora Dilma”. Mas até as pedras da Praça dos Três Poderes sabem: o conselho político do governo desaconselhou Dilma a discursos oficiais desde o desastre de seu pronunciamento do Dia da Mulher. Até seu padrinho, Luiz Inácio Lula da Silva, foi na mesma direção. Afinal, como diz o ditado, cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém.
Com isso, o Brasil ganhou uma presidente condenada ao silêncio.
Pior, uma presidente acuada.
O enredo da novela vivida por Dilma é conhecido. Em queda livre, segundo pesquisas feitas pelos principais institutos do país, após ser pega na sucessão de mentiras que contou durante a campanha eleitoral, Dilma foi obrigada a entregar o comando da economia do país a um neoliberal, Joaquim Levy, e o comando da política ao PMDB, na figura do vice-presidente Michel Temer. Agora, entrega sua voz e suas ideias ao vazio, por não poder se expôr livremente à Nação. O que mais resta? Reprovada por mais de 60% dos brasileiros, confrontada pelos líderes do Congresso Nacional, isolada até por alas do PT e criticada, abertamente, por antigas estrelas do partido, como a senadora Marta Suplicy (que deixou o PT para se lançar candidata a prefeita de São Paulo pelo PSB em 2016), Dilma amarga um momento de profundo isolamento.
Pena.
Em crise, o país precisa como nunca da palavra e da liderança de um presidente para ajudá-lo e direcioná-lo neste tempos bicudos. Os fatos mostram, no entanto, que esse papel é grande demais para Dilma.