Das 50 cidades paulistas que mais perderam empregos em 2020, Taubaté e outras nove estão no Vale
11 de janeiro de 2021
Gustavo Coelho, 22 anos, acorda cedo todos os dias e repete a rotina: sair em busca de emprego.
Desde junho, quando foi demitido de um restaurante por causa da pandemia, ele tenta recuperar um trabalho regular e formal. Mas só conseguiu bicos nesse período.
Na última semana, ele participou de três entrevistas e quatro testes para um trabalho com carteira assinada. Disse que não desistirá até recuperar o emprego. “É preocupante a crise, mas não desanimo”.
O jovem desempregado vive no Vale do Paraíba, região que tem 10 das 50 cidades do estado de São Paulo com os piores saldos de emprego de 2020, na comparação com o ano anterior, considerando o intervalo de janeiro a novembro.
O levantamento de OVALE utiliza dados oficiais do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério da Economia.
No geral, a região encerrou o período de janeiro a novembro do ano passado com saldo negativo de 9.958 empregos, com os piores meses após a chegada da pandemia: março (-6.923), abril (-13.610), maio (-6.221) e junho (-2.694).
Em 2019, por exemplo, no mesmo período, a região registrava a criação de 7.608 novos empregos.
RANKING.
São José dos Campos é a cidade do Vale que mais perdeu postos de trabalho em 2020, com saldo negativo de 3.937 nos 11 meses do ano. Com isso, a cidade é a 3ª do estado que perdeu mais empregos, superando Campinas (-4.584) e Santos (-5.487).
Taubaté aparece na sexta posição do ranking estadual do desemprego, com 3.082 vagas formais de trabalho perdidas no ano passado.
Na sequência, em 12º lugar, Aparecida tem 1.554 postos de trabalho cortados de janeiro a novembro, com Guaratinguetá em 17º (-1.273), Campos do Jordão em 25º (-842), Caraguatatuba em 26º (-815) e Ubatuba em 28º (-572).
Completam o grupo das 10 cidades do Vale no ‘Top 50’ os municípios de Pindamonhangaba em 35º (-463), Ilhabela em 40º (-441) e Caçapava em 48º (-347).
Jacareí é a 115ª cidade no ranking estadual do desemprego, com 78 postos de trabalho perdidos em 2020.
EMPREGO.
No geral, apenas 14 cidades do Vale abriram mais vagas do que perderam no ano passado, até novembro. Com exceção de São Sebastião, Lorena, Tremembé, Potim e Cunha, esse grupo com saldo positivo é de cidades pequenas, de até 15 mil habitantes.
Segundo o economista Edson Trajano, pesquisador do Nupes (Núcleo de Pesquisas Econômico-Sociais), da Unitau (Universidade de Taubaté), o perfil econômico da região prejudicou os números em 2020.
“As cidades do Vale tiveram desempenho abaixo da média nacional em 2020. Um dos setores que melhor apresentou estabilidade foi o agronegócio e a cadeia produtiva ao redor dele, mas o Vale tem cidades com mais vocação industrial e no turismo, que foi o setor mais afetado na pandemia. O setor industrial também apresentou um desempenho abaixo da média, impactando as cidades da região”.