Creches: déficit ‘oficial’ de 600 vagas, mas pais contestam
11 de março de 2016
Apesar de só ter erguido 3 de 16 creches previstas, gestão Ortiz Junior diz ter reduzido a fila de espera de 3.000 para 600 crianças
Redação / Gazeta de Taubaté
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Foto: Arquivo/Marcelo Caltabiano/26-02-2014
Embora tenha construído apenas três das 16 unidades prometidas, o governo Ortiz Junior (PSDB) diz que conseguiu reduzir de 3.000 para 600 o déficit de vagas em creches da rede municipal de Taubaté.
Os alegados avanços teriam sido obtidos a partir de 2013, quando foi iniciada a gestão tucana na cidade.
Os números, no entanto, diferem dos informados anteriormente pela administração.
Por exemplo: as três creches inauguradas até agora na atual gestão (Vila São José, Jaboticabeira e Vila Aparecida) geraram 381 novas vagas, segundo dados informados à época de cada entrega. Hoje, a prefeitura diz que o ganho foi de 551 novas vagas.
Além disso, o governo tucano diz ter criado outras 2.449 novas vagas com ampliação de creches e ativações de salas.
Levando-se em conta a média de 25 alunos/sala, isso representaria a criação de cerca de 100 novas salas.
A rede conta hoje, segundo a prefeitura, com 11.200 alunos matriculados, distribuídos em 65 unidades.
Outro dado diferente foi divulgado pela própria prefeitura no Plano Municipal de Educação: só 29,4% das crianças de 0 a 3 anos estariam matriculadas. Entre 4 a 5 anos, o índice sobe para 93%.
DÉFICIT/ O número oficial também é contestado pelas mães.
A cabeleireira Karina Ramos, 28 anos, tenta a um ano e quatro meses uma vaga para a filha. “Disseram que têm 870 crianças na frente da minha filha, e isso só no berçário. Desse jeito, quando sair a vaga, minha filha não vai precisar mais. Isso atrapalha, não consigo trabalhar. Daí as contas atrasam, o aluguel também”, disse.
“Inscrevi minha filha dois anos antes dela nascer, para garantir. Ela deveria ter acesso à escola, e não passar o dia no salão comigo. Não tenho condição de pagar uma babá”, acrescentou.
No caso da cuidadora de idosos Claudia Braz, 37 anos, a espera é ainda maior: mais de dois anos. O filho já tem 4 anos e cinco meses. “Meu filho não pode ficar fora da escola, já era para estar estudando”, disse.
“Fui cobrar na prefeitura e disseram que a culpa não é deles, que é preciso construir mais creches. Mas essa obrigação é deles, não minha”, completou.
CAOS/ As mães reclamam ainda da mudança no sistema de matrícula. Até o ano passado, a fila de espera era descentralizada, por unidade. Agora as matrículas foram concentradas na Secretaria de Educação.
“Quando matriculei minha filha, tinha 160 crianças na frente dela. No fim do ano passado, já eram só dez. Agora zerou tudo, tem mais de 800”, disse Karina.
A Comissão de Educação da Câmara solicitou à prefeitura dados oficiais sobre a estrutura de cada unidade, mas ainda não obteve resposta.
“Recebi reclamações de pais e professores de superlotação em creches, principalmente em berçários. A maior procura hoje é para crianças de 0 a 3 anos”, disse a vereadora Pollyana Gama (PPS), que presidente a comissão.
A prefeitura alega que a fila de espera será zerada com a inauguração de seis unidades esse ano: Estoril, Barranco, Jardim Oásis, Portal da Mantiqueira, Hípica Pinheiro e Fazendinha.
Saiba mais
PROMESSA
Em março de 2014, Ortiz Junior disse que construiria 16 novas creches em Taubaté até o fim de 2015
REALIDADE
Até agora, só três unidades foram entregues: Vl. São José, Jaboticabeira e Vl. Aparecida
IMPROVISO
Prefeitura diz que, com ampliações de creches antigas, criou mais 2.449 vagas, reduzindo o déficit para 600. A fila de espera seria sanada com seis novas inauguradas, previstas para serem entregues esse ano