Entenda o funcionamento da delegacia que apura casos de racismo em São Paulo e saiba quando buscar apoio.

Os crimes de intolerância e injúria racial estão se tornando cada vez mais frequentes em São Paulo. De janeiro a outubro deste ano, a Delegacia de Repressão aos Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) registrou 270 denúncias, instaurando 125 inquéritos para investigar incidentes de racismo, tanto no ambiente presencial quanto online.

Fundada em 2006, a Decradi faz parte da Divisão de Proteção à Pessoa do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP). Localizada na capital paulistana, esta unidade é especializada em casos de discriminação baseada em raça, cor e etnia, além de investigar crimes motivados por religião, nacionalidade, orientação sexual, identidade de gênero e convicções políticas ou ideológicas.

De acordo com a diretora do DHPP, delegada Ivalda Aleixo, o processo investigativo inicia-se sempre com a escuta da vítima. “O atendimento é crucial para entender a dor vivida e reunir provas e testemunhas que ajudem na identificação do autor”, afirmou. A equipe da Decradi é constituída por policiais altamente treinados para lidar com esse tipo de violência.

A prevenção é essencial

Além das investigações, a Decradi realiza ações preventivas, através de palestras e atividades educativas em escolas, organizações sociais e redes de proteção. O objetivo é educar, especialmente as crianças, sobre a criminalidade do racismo e os caminhos disponíveis para buscar ajuda. “É nas escolas, desde cedo, que precisamos agir. É fundamental que as crianças saibam que existe um espaço seguro para acolhimento e denúncia”, destacou a delegada.

Colaborações e encaminhamentos

A Decradi mantém comunicação constante com o Ministério Público, Defensoria Pública e Secretaria da Justiça, recebendo também denúncias de instituições e plataformas digitais. Quando crimes ocorrem em outras cidades do estado, a delegacia pode colaborar nas investigações e compartilhar informações com outras unidades, quando necessário.

Racismo online e a importância da denúncia

Com o aumento de crimes virtuais, o rastreamento de perfis e a preservação de provas se tornam essenciais. Publicações ofensivas, capturas de tela e links são fundamentais para identificar os autores, especialmente quando perfis falsos estão envolvidos. A recomendação é clara: nunca apague as evidências antes de procurar uma delegacia.

A delegada enfatizou a importância de registrar a ocorrência, mesmo que a vítima não reconheça o autor ou considere que o crime é “apenas” virtual. “Racismo é um crime inafiançável e imprescritível. Denunciar é crucial não só para responsabilizar o agressor, mas também para romper o ciclo de violência e encorajar outras vítimas a buscarem ajuda”, explicou Ivalda.

Para a Polícia Civil, o Dia da Consciência Negra é um momento de reflexão e fortalecimento institucional. “É um dia de luta e afirmação. Aproveitamos para revisar protocolos, pensar em ações afirmativas e reforçar o trabalho de proteção às vítimas”, concluiu.

Os casos de racismo e injúria racial podem ser registrados presencialmente na 2ª Decradi, no DHPP, ou através de boletim eletrônico, que será enviado à unidade competente. Todos os distritos policiais do estado também recebem e investigam estas denúncias.