Em agosto, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) fez história ao registrar o primeiro nascimento de trigêmeos a partir de um útero transplantado, sendo este caso também o primeiro na América Latina com uma doadora viva.
O professor Dani Ejzenberg, supervisor do Centro de Reprodução Humana do HC e membro da equipe de transplante, explicou que a paciente nasceu sem útero, uma condição rara chamada síndrome de Rokitansky, que afeta cerca de 1 em cada 4 mil mulheres. Inicialmente, ela estava no programa de transplante de doadora falecida, mas foi desenvolvido um projeto para que sua irmã, mãe de dois filhos, pudesse fazer a doação.
Esse transplante com doadora viva representa um avanço significativo na América Latina. Após a transferência de um único embrião em janeiro, que visava evitar gêmeos, a paciente engravidou, mas de forma surpreendente, o embrião se dividiu duas vezes, resultando na gestação de trigêmeos, uma ocorrência extremamente rara com apenas 0,04% de chance.
Devido à complexidade da gestação em um útero transplantado, a gravidez foi acompanhada por uma equipe multidisciplinar de especialistas nas áreas de obstetrícia, transplantes e reprodução humana. Apesar da expectativa de prematuridade para trigêmeos, o útero transplantado provou ser capaz de suportar a gravidez gemelar. Além disso, a viabilidade dos embriões congelados desde 2014 foi confirmada, evidenciando o potencial de uso de embriões armazenados por longos períodos, conforme ressaltou o professor Wellington Andraus, coordenador médico da Divisão de Transplantes de Fígado e Órgãos do Aparelho Digestivo do Hospital das Clínicas.
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Os três bebês nasceram prematuros, mas após sete meses receberam alta e estão se desenvolvendo bem, de acordo com os médicos. A realização desse transplante oferece novas esperanças para mulheres que enfrentam dificuldades para engravidar e destaca a posição do Brasil como um líder nesta modalidade de transplante, servindo de exemplo para outros países.

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