A Procuradoria-Geral do Estado de São Paulo (PGE/SP) moveu uma ação cautelar fiscal contra 55 réus, incluindo empresas operacionais, holdings, fundos de investimento, usinas, empresas de transporte e uma fintech, buscando bloquear mais de R$ 7,6 bilhões. A Justiça estadual acatou integralmente a medida liminar. Esta ação faz parte da operação Spare, lançada na quinta-feira (25) em colaboração com o Ministério Público de São Paulo (MPSP), Polícia Militar, Secretaria da Fazenda e Planejamento (Sefaz/SP) e Receita Federal.
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A ação é um desdobramento da Operação Carbono Oculto, que desmontou um esquema similar no setor de combustíveis, envolvendo membros de uma facção criminosa.
“Não daremos descanso ao crime organizado em nosso estado. Nossa inteligência tem trabalhado incessantemente para desmantelar essas organizações criminosas, visando asfixia financeira. Temos mais uma operação em andamento: uma parceria da Polícia Militar com o Ministério Público que cumpre vários mandados de busca e apreensão em áreas como Baixada Santista, Vale do Paraíba e São Paulo. Nossa luta contra o crime organizado é contínua”, afirmou o governador Tarcísio de Freitas.
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Durante uma coletiva de imprensa no MPSP, o Procurador Geral do Estado Adjunto, Caio Guzzardi, enfatizou o papel da PGE/SP. “A Procuradoria tem unido esforços no combate à criminalidade por meio do Grupo de Atuação Especial para Recuperação Fiscal (Gaerfis). O bloqueio desses valores é fundamental para assegurarmos a recuperação dos ativos desviados e seu retorno ao Estado de São Paulo para políticas públicas.”
As investigações indicaram que máquinas de cartão apreendidas em casas de jogos clandestinos em Santos estavam ligadas a postos de combustíveis. O cruzamento das informações financeiras revelou o desvio de valores para uma fintech utilizada para ocultar a origem ilícita e movimentar montantes significativos.
A apuração também descobriu laços do grupo criminoso com empresas no setor hoteleiro, postos de combustíveis e instituições de pagamento com contabilidade paralela, dificultando o rastreamento financeiro.
Entenda a operação
Desde a manhã de quinta-feira (25), a operação tem cumprido 25 mandados de busca e apreensão na capital e cidades da Grande São Paulo, Baixada Santista e Vale do Paraíba. Este movimento é um desdobramento da Operação Carbono Oculto, iniciada em agosto, que desmantelou um esquema criminoso no setor de combustíveis.
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O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, destacou a relevância dessa nova fase nas investigações. “O combate ao crime organizado é prioridade do Governo de São Paulo. Desde o início, atuamos em colaboração com o Ministério Público e outros órgãos para desarticular redes criminosas. Nessa nova fase, estamos cumprindo dezenas de mandados de busca em diversas regiões do estado. Todo material apreendido será analisado para avançar nas investigações. Com a integração entre a Polícia Militar, Ministério Público e outras instituições, seguimos firmes para proteger a sociedade e enfraquecer o crime organizado”, afirmou.
O subsecretário adjunto da Receita Estadual, Paulo Ribeiro, ressaltou a importância da atuação da Secretaria da Fazenda no mapeamento de conexões fiscais e empresariais. “Nosso trabalho de inteligência nos permitiu identificar vínculos entre físicos e jurídicos, além de bloquear a criação de novas empresas ligadas ao grupo. Um dos grupos investigados já possui mais de R$ 500 milhões em débitos, e nossos auditores já emitiram autos de infração que superam R$ 7 bilhões”, afirmou.
As investigações começaram em 2020, quando a Polícia Militar descobriu uma casa de jogos clandestinos em Santos. Uma máquina apreendida estava vinculada a um posto de combustíveis. Segundo o Ministério Público, a investigação levou a uma fintech que centralizou as transações financeiras, ligando diferentes grupos criminosos em operações conjuntas, como a compra de metanol para uso em postos.
Além dos postos e da fintech, a rede criminosa também controlava empresas de fachada e motéis na Grande São Paulo e Baixada Santista, movimentando milhões. Foram identificados mais de 60 motéis que lavavam dinheiro para o crime organizado, com um fluxo de R$ 450 milhões entre 2020 e 2024. Alguns dos envolvidos tinham relações próximas com líderes de facções criminosas.
Desdobramento da Carbono Oculto
A operação envolve mais de 110 policiais militares do Comando de Choque e unidades especializadas no cumprimento das ordens judiciais. Participam também agentes da Receita Federal, do Ministério Público, além de equipes da Secretaria da Fazenda e da Procuradoria-Geral do Estado.
A Operação Spare reforça a colaboração entre órgãos de investigação, controle e forças de segurança para enfrentar atividades ilícitas que impactam diretamente os consumidores e a economia formal do país.
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