Governo de SP implementa novas ações para manter os níveis dos reservatórios.

Com base no primeiro boletim do Comitê de Integração das Agências para Segurança Hídrica, formado pela Arsesp e SP Águas, novas restrições foram implementadas para garantir a preservação dos mananciais. A Arsesp decidiu aumentar o período de gestão da demanda noturna de água pela Sabesp na Grande São Paulo, passando de oito para dez horas. Essa medida temporária, que vai das 19h às 5h, permanecerá até que os níveis dos mananciais se normalizem. Além disso, o gerenciamento da pressão da água durante o dia será ajustado para assegurar o abastecimento adequado para todos.

A primeira fase da gestão da demanda noturna, iniciada em 27 de agosto, durou oito horas e alcançou resultados positivos, com uma economia prevista de 4 m³/s, alcançando 4,2 m³/s. A Sabesp informou que foram economizados 7.257.600.000 litros de água, o suficiente para abastecer mais de 800 mil pessoas por um mês, equivalente à população de uma cidade como São Bernardo do Campo, na RMSP. Essa ação ajudou a evitar uma queda significativa nos níveis dos mananciais. No entanto, devido a condições climáticas adversas e chuvas abaixo do esperado, foi necessário estender esse período de recuperação.

Em agosto, a precipitação na Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos de Piracicaba/Capivari/Jundiaí foi de apenas 3 mm, comparada à média histórica de 29 mm. No Alto Tietê, choveu 11 mm, em vez dos 32 mm esperados. Conforme dados da SP Águas, essa situação ressalta a importância de um monitoramento constante e a atenção às variações climáticas que impactam diretamente o equilíbrio hídrico e a segurança do abastecimento.

Atualmente, o Sistema Integrado Metropolitano (SIM), responsável pelo abastecimento da RMSP, opera com apenas 32,8% de seu volume útil, 7,7 pontos percentuais a menos que em 2021. Os sistemas Cantareira e Alto Tietê, responsáveis por cerca de 80% da capacidade do SIM, apresentam 30,3% e 26,1% de armazenamento, respectivamente. A média de queda nos últimos dias foi de 0,26% ao dia.

“A situação hídrica justifica a continuidade de medidas preventivas para ampliar a oferta de água e diminuir a captação, além de preparativos para potenciais medidas mais severas se a situação piorar”, afirma a presidente da SP Águas, Camila Viana. A agência monitora em tempo real as condições dos mananciais e está pronta para implementar novas ações, conforme as diretrizes do Protocolo de Escassez, em fase final de aprovação na Agência. É essencial que a população colabore, economizando água. “Atitudes simples no dia a dia podem ter um grande impacto na redução do consumo”, enfatiza. O Governo de São Paulo está promovendo uma campanha para incentivar o uso consciente da água.

Investimentos em Resiliência

O Governo está acompanhando de perto os investimentos da Sabesp em segurança hídrica, visando aumentar a disponibilidade de água no Sistema. Segundo a Sabesp, entre este ano e 2027, serão adicionados 5.700 litros por segundo de água bruta às represas. Uma das iniciativas é a transferência de água do rio Itapanhaú para o Sistema Alto Tietê, atualmente em operação assistida. A água é captada no Rio Sertãozinho, próximo ao Parque Estadual Serra do Mar, e transportada através de adutoras por 9 km até a represa Biritiba, que integra o sistema Alto Tietê. Esta estrutura já está enviando 300 litros por segundo do rio para uma das represas do sistema, enquanto a linha de transmissão de energia está sendo instalada para garantir a operação em capacidade máxima, com entrega prevista para o primeiro semestre de 2026, adicionando mais 1.700 l/s.

Outra transferência de água bruta está sendo realizada através da interligação Billings-Taiaçupeba, que irá transferir 4.000 litros por segundo entre essas duas represas. O investimento de R$ 500 milhões deverá entrar em operação no início de 2027.

Ainda este ano, a Sabesp inaugurou duas novas estações de tratamento de água em cidades da RMSP como Itapecerica da Serra e Embu-Guaçu, além de um novo reservatório e estação de bombeamento que beneficiarão as regiões oeste e sul da capital paulista.

Adicionalmente, a empresa aumentará a capacidade de tratamento em 1.500 litros por segundo, com a ampliação da ETA Rio Grande que adicionará mais 500 l/s até o final de 2026, e a revitalização da ETA Baixo Cotia, que gerará mais 1.000 l/s também até o final do ano que vem.

No longo prazo, a Sabesp está analisando cinco intervenções que podem somar até 9.400 litros por segundo de água bruta e mais 6.000 l/s de água tratada para o sistema de abastecimento da capital e Grande São Paulo. As opções incluem captação no rio Guaió, em Suzano, três estações de recarga de mananciais para os sistemas Guarapiranga, Alto Cotia e Alto Tietê, e a transferência de água da bacia do Paraíba do Sul para o Sistema Alto Tietê.

Tais intervenções complementam as melhorias implementadas após a crise hídrica de 2014/2016. Desde então, foram ativados novos sistemas como o São Lourenço, a interligação Jaguari–Atibainha, a ampliação da ETA Rio Grande, a modernização da ETA ABV, além de novas ETAs em Embu das Artes e Itapecerica da Serra. Um legado adicional é o Sistema Flex, que permite ajustes nas áreas de cobertura dos sistemas produtores.