A USP sediará o 1º Congresso Internacional sobre Deficiências de 21 a 24 de outubro.
O evento, que será realizado tanto na modalidade presencial quanto online, é organizado pelo Núcleo de Estudos das Diversidades, Intolerâncias e Conflitos da USP, conhecido como Diversitas, vinculado à Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH).
As inscrições gratuitas para a participação presencial devem ser feitas até 30 de setembro, enquanto o registro para o formato online permanecerá aberto – clique aqui.
Com o tema “Diversidade, Direitos e Corpos: Participação Social e Barreiras no Mundo Contemporâneo,” o congresso reunirá especialistas de diversas áreas da Universidade e convidados de instituições nacionais e internacionais, envolvendo acadêmicos, sociedade civil, estudantes e gestores de saúde. A programação contará com conferências, mesas redondas e rodas de conversa, todas com transmissão online.
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O evento incluirá apresentações artísticas e painéis temáticos organizados em 12 eixos, que envolverão apresentações orais, pôsteres e produções em outras linguagens, com exibições limitadas à modalidade presencial.
A professora Eucenir Fredini Rocha, do Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional (Fofito) da Faculdade de Medicina (FM) da USP e uma das coordenadoras do evento, enfatiza a importância de discutir as múltiplas dimensões da deficiência, que tradicionalmente é vista apenas sob a ótica biomédica. Segundo ela, “é uma questão social, histórica e política que abrange barreiras, acessibilidade, participação social, vida urbana, cultura e esporte.”
A mesa de abertura, “Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos,” será conduzida pelo especialista mexicano Carlos Ríos Espinosa, que já atuou no Comitê da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da ONU.
O professor Paulo Eduardo Capel Cardoso, da Faculdade de Odontologia (FO) da USP e membro da comissão organizadora, salienta a importância da inclusão de pessoas com deficiência na realização do evento, afirmando que “Nada sobre nós, sem nós.” Ele argumenta que a discussão sobre a deficiência visual, por exemplo, deve incluir a perspectiva de pessoas que vivem essa realidade.
A professora Eucenir complementa a sua fala, destacando que “o congresso, como a Universidade, tem um papel crucial, e por isso optamos por um formato misto, promovendo o diálogo entre profissionais e a comunidade externa.”
Capel compartilha sua experiência pessoal, revelando que, após perder significativamente a acuidade visual, passou por um intenso processo de luto. Ele destaca como a tecnologia assistiva o ajudou a recuperar sua autonomia. “Hoje, consigo utilizar um celular mesmo sem enxergar. A acessibilidade dos dispositivos é fundamental para minha vida cotidiana,” explica.
O professor também tem desenvolvido inovações de baixo custo em tecnologia assistiva, como um equipamento impresso em 3D para facilitar o uso de pasta de dente e outro dispositivo que ajuda a servir água sem derramar, em colaboração com a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
Segundo o censo de 2022 do IBGE, o Brasil possui aproximadamente 14,4 milhões de pessoas com deficiência, representando 7,3% da população. Dados sobre educação, emprego e renda revelam disparidades alarmantes.
Os dados da PNAD Contínua mostram que a taxa de analfabetismo é de 19,5% entre pessoas com deficiência, comparada a 4,1% para aqueles sem deficiência. No que diz respeito ao emprego, apenas 29,2% das pessoas com deficiência estão empregadas, em contraste com 66,4% dos que não têm deficiência. A renda média de pessoas com deficiência é de R$ 1.860, um valor 44,7% inferior à média de R$ 2.690 de pessoas sem deficiência.
A Constituição Federal de 1988 consagra a educação como um direito de todos, enfatizando que o Estado tem a responsabilidade de garantir a educação especializada para pessoas com deficiência no sistema regular de ensino.
“Se a Constituição garante o direito à educação, por que ainda temos que lutar tanto para garantir que crianças com deficiência estejam nas escolas?” questiona Eucenir, que acrescenta que muitas conquistas são fruto de mobilizações sociais. “A legislação sozinha não é suficiente; é essencial promover mudanças culturais e comportamentais, e a universidade deve atuar nesse sentido,” destaca.
“A questão da deficiência é um tema universal que pertence a todos. Não sabemos o que o futuro nos reserva e com deficiência, é possível viver plenamente,” conclui Eucenir.
Até a conclusão desta reportagem, o congresso já havia recebido 1.830 inscrições de participantes de 20 estados brasileiros e outros países como México, Escócia, Canadá e EUA, com cerca de 150 pessoas com deficiência confirmadas para participação presencial. Foram submetidos 305 trabalhos de graduandos, pós-graduandos, pesquisadores e docentes de diversas instituições.
Serviço
O 1º Congresso Internacional sobre Deficiências da USP ocorrerá de 21 a 24 de outubro. As inscrições para a participação gratuita, tanto presencial quanto online, estão abertas no site do evento. Para participação presencial, as inscrições devem ser feitas até 30 de setembro, enquanto as do formato online continuam disponíveis. O evento é organizado pelo Diversitas, Núcleo de Estudos das Diversidades, Intolerâncias e Conflitos da USP.
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